A maior obra viária da América do Sul, o Rodoanel Mario Covas, irá reordenar o transporte de veículos de cargas da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) – facilitando o escoamento até o Porto de Santos sem passar pela capital. “Este é um ganho tremendo para o interior, para o litoral e para outros estados do Brasil porque caminhões que vêm para o litoral paulista não vão precisar mais atravessar a cidade de São Paulo”, disse o governador José Serra. A obra também será responsável pela significativa redução dos congestionamentos e de poluentes no sistema viário da cidade.
Com sua inauguração, o motorista deve gastar apenas 58 minutos para percorrer 93,4 km dos trechos Oeste e Sul do Rodoanel. Vários tempos de viagens serão reduzidos. Por exemplo:
– Da Régis Bittencourt à Anchieta, de uma hora e trinta minutos para 28 minutos, redução de 69%.
– Da Anchieta a Alphaville/Osasco, de uma hora e vinte minutos para 40 minutos, uma queda de 50%.
– Da Bandeirantes para a Anchieta, de uma hora e vinte minutos para 45 minutos, a viagem também será 43% mais curta.
Apenas nos 61,4 quilômetros do Trecho Sul, entregue nesta terça-feira, 30, pelo governador José Serra, cerca de 16,5 mil caminhões e 55,5 mil veículos de passeio devem passar por dia. Com isso, haverá uma queda 37% no número de caminhões na Avenida dos Bandeirantes e em 43% na Marginal Pinheiros. Esse remanejamento do trânsito também irá diminuir em 6% a emissão de gases poluentes na Região Metropolitana de São Paulo. Todos esses estudos levam a uma redução de custos de R$ 2 bilhões por ano, em relação ao tempo de viagem, consumo de combustível e desgaste de veículos.
O Trecho Sul do Rodoanel irá interligar as rodovias Anchieta e Imigrantes, além da Região do ABC, às rodovias Bandeirantes, Anhanguera, Castello Branco, Raposo Tavares e Régis Bittencourt, que já estavam interligadas pelo Trecho Oeste desde outubro de 2002. O novo trecho Sul passa pelos municípios do Embu das Artes, Itapecerica da Serra, São Paulo, São Bernardo do Campo, Santo André, Ribeirão Pires e Mauá.
O novo trecho do Rodoanel termina em Mauá, próximo à avenida Papa João XXIII. Futuramente, esta avenida, que está sendo duplicada, será interligada à Jacu-Pêssego. Quando o Complexo Jacu-Pêssego for finalizado, ainda no segundo semestre, ele facilitará o escoamento em vias como a avenida do Estado, as rodovias Ayrton Senna, Dutra e Aeroporto de Cumbica, dando mais uma alternativa para moradores da zona Leste da capital e parte da Região Metropolitana.
O Trecho Sul tem três faixas em cada sentido da Régis até Imigrantes e quatro da rodovia Imigrantes até a Anchieta. Cada faixa tem 3,60 metros de largura. Há também uma faixa de segurança de um metro e acostamentos de 3 metros e um canteiro central gramado de 11 metros de largura. No total, foram 348 mil metros cúbicos de concreto moldado, 458 mil metros cúbicos de pavimento de concreto, 380 mil metros cúbicos de areia, outros 327 mil metros cúbicos de material betuminoso, além de 540 mil metros cúbicos de pedras. Para se ter uma idéia desses números gigantescos, o volume de material betuminoso seria suficiente para encher 23.240 caminhões com capacidade para 14 mil metros cúbicos e, o volume de pedras, 38.780 caminhões do mesmo tamanho.
Complexa, a obra teve grandes desafios de engenharia. Foram 134 viadutos, pontes e acessos, o que equivale a cerca de 20 km de extensão ou um terço da obra. Vale destacar que as duas pontes sobre a represa Billings, uma de 685 metros e outra de 1.755 metros, representam mais de 8% da obra. Diferentemente de outros projetos, a maior ponte do Trecho Sul tem vãos de 100 metros para minimizar o impacto no fundo da represa. Essa preocupação com soluções de menor impacto para região foi uma constante no Rodoanel Sul.
O obra exigiu investimento de R$ 5 bilhões, sendo R$ 3,2 bilhões referentes às obras brutas e o restante R$ 1,8 bilhão destinados às compensações ambientais, desapropriações, reassentamentos e interferências. “É uma obra que vai ter um retorno altíssimo para a economia paulista e, acima de tudo, para o emprego em São Paulo. Só esta obra já deu na sua construção cerca de 40 mil empregos diretos e indiretos”, ressaltou o governador.
Iniciada em maio de 2007, o empreendimento durou 35 meses, o que equivale a 1,75 km por mês, um trabalho de ponta de engenharia. Na área ambiental, o projeto do Rodoanel Sul tem 26 programas para a preservação de Fauna e Flora. Segundo o governador, a obra preservou o meio ambiente. “Para cada árvore derrubada vamos ter cinco plantadas e vamos ter um grande parque aqui que será uma reserva ecológica”.
Rodoanel, a obra que abraça São Paulo
Agilizar e reordenar o tráfego oriundo de outros Estados e da RMSP, responsável pela geração de cerca de 56% da riqueza produzida no Estado, são os principais objetivos do Rodoanel. Somente o quadrilátero formado por Sorocaba, Campinas, São José dos Campos e Santos – denominada macrometrópole – gera em torno de 75% da riqueza produzida anualmente no Estado de São Paulo.
Com o intuito de melhorar esse gargalo, o Rodoanel passa a ser a principal via de contorno da RMSP, interligando o sistema viário metropolitano aos eixos regionais. Com ele, algumas medidas pontuais – para reorganizar o tráfego de São Paulo como um todo – já são realidade: desvio do tráfego de passagem do centro urbano, principalmente o de caminhões; redução do uso das marginais Tietê e Pinheiros e avenida dos Bandeirantes como alternativa obrigatória de tráfego; melhor ligação entre os municípios da RMSP e macrometropolitana, sem a necessidade de uso dos principais corredores da capital; otimização do transporte de cargas e de passageiros com a reordenação do sistema viário; desenvolvimento econômico, com a aproximação dos centros de produção e consumo e redução dos custos relativos de transporte.
Esses resultados só podem ser alcançados porque o que difere o Rodoanel de outros grandes corredores, como as marginais e Jacu-Pêssego, é sua classificação como rodovia classe “0”, sem acessos aos municípios, apenas às grandes rodovias e com velocidade diretriz de 100 km/h para veículos leves e 80km/h para veículos pesados.
O Rodoanel Sul em números
– 61,4 km de vias – sendo 57 km da Régis Bittencourt à Anchieta e 4,4 km da Anchieta à Mauá.
– Investimento: R$ 5 bilhões (2/3 do governo estadual e 1/3 do governo federal)
– Estimativa de tráfego por dia: 55,5 mil veículos de passeio e 16,5 mil veículos pesados.
– 134 obras de arte especiais – pontes, viadutos, passagens inferiores e superiores, o que representa – 20 km de construções ou cerca de um terço da obra.
– 52,1 km de pistas de rolamento
– 9,3 km em pontes e viadutos
– 3 faixas com 3,6 metros da Régis à Anchieta e da Anchieta à Mauá.
– 4 faixas com 3,6 metros no trecho entre Imigrantes e Anchieta
– Acostamentos de 3 metros e refúgio de 1 metro
– Canteiro central gramado de 11 metros de largura
– Velocidade máxima de 100 km/h para veículos leves e 80 km/h para pesados.
– Cerca de 2.750 equipamentos foram usados entre escavadeiras, rolos compactadores, caminhões, tratores etc.
Foram gastos:
– 348 mil metros cúbicos de concreto moldado, o suficiente para erguer 115 prédios de vinte andares cada um
– 458 mil metros cúbicos ou 166 piscinas olímpicas de pavimento de concreto
– 327 mil metros cúbicos de material de concreto, o suficiente para encher 23.400 caminhões com 14 metros cúbicos de produto
– 540 mil metros cúbicos de pedras ou 196 piscinas olímpicas de pedras
– 380 mil metros cúbicos de areia, volume suficiente para levantar 128 prédios de 20 andares
– 60 milhões de metros cúbicos de terra movimentada ou 21.818 piscinas de terra